Factos, Pedro, vamos a factos, mais uma vez:
Tenho 27 anos de serviço completos, os primeiros três a 300 kms de casa (da família, das raízes) , os vinte e quatro seguintes a 150 kms de casa, onde decidi permanecer e me encontro, tendo mudado, na altura, com o meu pequeno núcleo familiar para uma “terra de ninguém”. Antes de fazer esta opção, cheguei a tentar deslocações diárias: cinco horas de ida e volta, de comboio, pois não havia recursos para mais. Aguentei um ano.
Assim, fui professora do quadro de escola (outrora designado de nomeação definitiva) quase toda a minha carreira, devido à opção que acima mencionei.
Posto isto, vai desculpar-me a minha falta de humildade (agora sim!), mas ninguém melhor do que eu poderá falar da justiça/ injustiça dos que, estando com horário zero, serão obrigados a concorrer nessa espécie de mobilidade especial disfarçada de concurso com outras regras e exigências, que se adivinha para o futuro próximo (o próprio Pedro prevê).
Não conheço nenhum colega QZP nas circunstâncias que descreve. Pelo contrário, os colegas QZP que conheço, neste concelho onde há cerca de 600 professores, estão todos longe de casa, em média a 100kms, para não terem horário zero.
Porém, conheço e convivo diariamente com o drama de colegas do quadro de escola que só agora se encontram com horário zero, nenhum com menos de 20 anos de serviço, que tiveram percursos iniciais de carreira semelhantes ao meu e, de repente, fruto de políticas educativas tresloucadas e subversivas, se vêem na eminência de voltar ao passado, como se estivessem a começar as suas carreiras.
Vê, Pedro, o seu micro-cosmos é mau conselheiro!
Acrescento ainda que não tenho saudades de governos socialistas, da mesma forma que não me esqueço que quem governou o país de 1986 a 1995, por exemplo, foi o PSD, a quem se devem feitos “gloriosos” como: o desmantelamento do sector das pescas, da silvicultura e da agricultura em Portugal, a troco de algumas ajudas financeiras da CEE, o sucessivo adiamento da reforma do Estado, apesar do desafogo financeiro proporcionado pela entrada de verbas da CEE... a culminar com a entrada do país em recessão em 1993.