só a troika?!
É bom que se sublinhe, como ponto prévio: qualquer português de boa vontade gostava que as contas do Estado tivessem um comportamento aceitável e lamenta que tenhamos um Governo que, após todo este esforço, tenha falhado técnica e politicamente.
O presidente da República responsabiliza a troika pelo estampanço da execução orçamental. Este economista, que foi eleito presidente há mais de seis anos com a promessa de impedir derrapagens económicas e financeiras, esquece-se de nomear um Governo da sua preferência ideológica e que prometeu ir além da troika. E foi.
O recente despedimento colectivo de professores tem números inéditos na História de Portugal. Nunca se despediram, num espaço de um mês, mais de 5000 profissionais em qualquer área de actividade. É como se tivessem encerrado cerca de 25 escolas secundárias.
Depois de anos a fio a serem delapidados com uma avaliação hiperburocrática, kafkiana e fascista (não tenhamos receio das palavras certas), de se sujeitaram a tresloucadas alterações no seu estatuto, de verem a confiança na sua acção ser seriamente comprometida com políticas desmioladas que vão do estatuto do aluno à gestão escolar, de verem os mais experientes "fugirem" com fortes penalizações nas reformas, os professores portugueses são agora confrontados com um despedimento colectivo que não tem paralelo, repito.
Leio algumas acusações de corporativismo. Gostava que nomeassem uma outra classe profissional com um histórico de "escolhidos" como os professores portugueses. Mas mais: o que estamos a assistir, desde as privatizações ao branqueamento das fraudes bancárias e das PPP´s, exige que classifiquemos os professores portugueses como um grupo profissional com uma enorme paciência.