mudou a hora
Não era difícil prever que o sistema escolar aqueceria a partir de Setembro quando os professores chocassem com a austeridade em curso. As agregações de escolas associadas à revisão curricular e às regras da organização do ano lectivo delapidarão, de forma injusta e brutal, milhares de empregos.
Qualquer que seja o ângulo de análise, é discutível que se suprimam disciplinas, ou a carga curricular que dimensionou durante décadas os quadros das escolas, em nome de um achamento curricular que carece de comprovação e que se aumente o número de alunos por turma com argumentos pedagógicos que tentam esconder, de forma infantilizadora e até chocante, cortes financeiros.
Compreende-se a anestesia provocada pelo estado do país. Para além disso, os professores estão cansados nesta altura do ano e têm anos consecutivos de uma luta saturante em defesa da escola pública.
A pergunta mais ouvida impõe-se: o que é feito da unidade histórica dos professores portugueses? O corte dessa coluna vertebral, que responsabiliza particularmente a promiscuidade entre Governo e sindicatos em 2008 e 2010, também se pode imputar a muitos professores. Uma semana depois de 120 mil se manifestarem, cerca de 80 mil entregaram objectivos individuais e os comportamentos inclassificáveis à volta da gestão escolar danificaram de vez a espinal medula.
Parece-me que é altura de tocar a rebate. Não é egoísta ou sequer corporativo defender empregos nestas condições. O que se espera é que os diversos actores tenham aprendido e que não exerçam no futuro comportamentos semelhantes a 2010 depois da "aprendizagem" de 2008.