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A ladainha da precariedade atingiu um pico inadmissível. A semana ficou marcada pelo outsourcing que se propõe pagar 4 euros à hora aos enfermeiros e hoje são notícia o voluntariado de professores, na câmara de Guimarães, como critério que se sobrepõe à graduação profissional para leccionarem AEC´s e a "exigência" curricular aos doutorandos bolseiros da FCT para leccionarem gratuitamente nas universidades.
O caso das AEC´s já tem uns anos e com remunerações semelhantes. São conhecidos os casos de dirigentes autárquicos que criram empresas para contratarem professores nesse regime e que faziam sabe-se lá o quê aos financiamentos que recebiam. É um lamaçal indigno, escusado e que tem na ganância e no chico-espertismo as únicas justificações.
Pode ser que a próxima vaga de indignados tenha outras consequências e depois queixar-nos-emos da incompreensão dos nossos jovens adultos.
Repito um pedaço de Gilles Châtelet (1998:69) sobre a democracia-mercado:
"(...)Jovens nómadas, amamos-vos! Sede ainda mais modernos, mais móveis, mais fluidos, se não quereis acabar como os vossos antepassados nos lamaçais de Verdun. O Grande Mercado é o vosso conselho de revisão! Sede ligeiros, anónimos, flexíveis, precários como as gotas de água ou as bolas de sabão: é a verdadeira igualdade, a do Grande Casino da vida! Se não fores fluidos, transformar-vos-ei rapidamente em pacóvios. Não sereis admitidos na Grande Explosão do Grande Mercado... Sede absolutamente modernos.(...)"