muito antes da troika
Quando escrevi neste post que "(...)quando a coisa se generalizar na forma de centenas de mega-agrupamentos, organizados no quinquagésimo quadro de divisão do rectângulo e habitados por professores precários, a despesa humana será incontrolável e o abandono escolar ainda mais chocante(...)", estava a pensar na actualidade, no que existiu na última década e meia e na agenda inconfessada que foi forçando o descrédito das escolas do Estado porque o seu orçamento era demasiado apetitoso para não obedecer à lógica PPP.
Não é preciso pensar muito para perceber como os indicadores macro comovem os decisores políticos e como a tese "cooperativa de ensino" vai prevalecendo.
A babilónica organização administrativa do país e a dificuldade nos domínios da descentralização e desconcentração de competências do poder central, associada ao temor com a municipalização, atribuem créditos à ideia tão cara ao arco governativo. Cria-se mais um quadro de divisão administrativa centralizado, e não é concelhio nem distrital, e prepara-se terreno para a lógica defendida.
Contudo, as leis existem e a lei de bases do sistema educativo é a mesma. A letra é clara, embora nem sempre cumprida.
Numa democracia tem de existir espaço para o ensino privado, confessional ou mesmo na lógica "cooperativa de ensino" que adquire diversas nomenclaturas nas democracias. O que é inadmissível na escolaridade obrigatória, e quiçá nos outros níveis, é a privatização de lucros à custa dos salários das pessoas e a contratação não escrutinada de professores pagos pelo orçamento do Estado.