não é justo
Não é justo que a Escola Básica de Santo Onofre, e o actual agrupamento de escolas por arrastamento, veja a sua imagem, e a dos seus alunos e profissionais, constantemente ridicularizada na comunidade educativa.
Uma boa parte dos profissionais que elevaram a história daquela instituição a uma referência em diversos domínios são os mesmos. O que mudou foi uma pouco estudada alteração na rede escolar, uma impensada entrada em agrupamento e principalmente as ocorrências derivadas do novo modelo de gestão escolar. Como se sabe, no modelo vigente são suficientes menos de uma dezena de profissionais (e nem necessitam de pertencer à escola sede) e outros tantos stakeholders para ocuparem os lugares de chefia e escolherem os caminhos a percorrer.
Disseram-me que o Conselho Geral do agrupamento votou de forma amplamente maioritária a entrada imediata em mega-agrupamento com a ideia de destituir rapidamente os órgãos em exercício e exibir uma espécie de cartão vermelho à direcção. Belisquei-me. Apesar de tudo, senti vergonha. Ninguém gosta de ver a instituição onde tem dedicado uma boa parte da vida profissional tratada desta forma.
Afinal, e em plena Assembleia Municipal, o vereador respectivo, e também membro do Conselho Geral, confirmou mais essa singularidade (pode ler aqui a notícia completa da Gazeta das Caldas) que atinge de forma acentuada a imagem da instituição (os bolds são do jornal):
"(...)“O que nos foi transmitido era que o processo tinha que estar concluído até ao final do ano lectivo de 2012/2013 e que iriam ser consultados os respectivos agrupamentos”, disse, acrescentando que se as partes interessadas estiverem de acordo, não será o município a ir contra essa decisão. Tinta Ferreira sabe também que o Conselho Geral de Santo Onofre aprovou por maioria a vontade de agregar-se com a escola Raul Proença e “quando mais depressa melhor”. Já a escola Raul Proença deverá reunir-se entretanto para se pronunciar.(...)"
Entretanto, o Conselho Geral da Escola Secundária "Raul Proença não se opõe a juntar-se ao Agrupamento de Escolas de Santo Onofre "e, ao que tudo indica, o mega-agrupamento será uma realidade e sem a oposição dos respectivos Conselhos Gerais.
Como alguém escreveu noutro dia num comentário, o agrupamento de Santo Onofre foi conduzido, desde 2009, por meia dúzia de pessoas. O processo começou com uma CAP e os resultados objectivos (avaliação de alunos, frequência escolar e por aí fora) e os de alguma forma subjectivos (atmosfera relacional, liderança, cultura organizacional) têm vindo a piorar significativamente.
Ainda há uns meses, e num exercício que abala a melhor imagem mesmo que construída numa história de mais de uma década, o director em funções desde Novembro de 2009, ex-coordenador da CAP, declarou para justificar a sua demissão aceite em 4 de Julho de 2011:
"...)Em primeiro lugar, o facto de o início do ano escolar que agora termina ter sido “muito conturbado” e ter corrido “muito, muito mal”. Acreditando que “com o tempo se verá depois melhor porque é que as coisas aconteceram assim”, (...)considera que “a culpa não pode morrer solteira, e independentemente de qualquer outra razão, a culpa é minha, como director”. Além disso, a avaliação externa que a IGE fez em Fevereiro de 2011, não teve os resultados que seriam esperados. “(...)E tem que ser o director a dar a cara”, afirma. (...)Ao fim de um ano e pouco de trabalho, dá a impressão que estaria a carregar nessa pessoa tudo o que correu mal no agrupamento”, garante.(...)"
É, portanto, com um legítimo sentimento de injustiça que os profissionais destas escolas olham o presente e o futuro. Os números de frequência de alunos estão a atingir mínimos muito preocupantes. Se considerarmos que a Escola sede já teve mais alunos do que todo o agrupamento na actualidade, não será difícil perceber os motivos de tanta apreensão. Parafraseando o tal coordenador da CAP que foi eleito director e que se demitiu, “com o tempo se verá depois melhor porque é que as coisas aconteceram assim,(...)a culpa não pode morrer solteira(...)".