O filme de Steve McQueen, Shame, não é uma obra prima, mas é excelente e merece a ida a uma sala de cinema. Analisa uma mente dependente do vício e da obsessão e olha o problema a partir da condição masculina. "Aos trinta e poucos anos, Brandon (Michael Fassbender) é um bem-sucedido irlandês com um cargo de topo numa grande empresa de Nova Iorque. A viver sozinho num pequeno apartamento, tem a vida controlada ao milímetro. Porém, por trás de uma máscara de autocontenção, está um homem a viver no limite. Numa luta constante entre um medo incontrolável de intimidade e uma ânsia de sexo, ele vive de encontros ocasionais com estranhos. Até Sissy (Carey Mulligan), a sua irmã mais nova, aparecer sem pré-aviso e instalar-se no seu apartamento. Brandon perde então todo o controlo sobre a sua vida e a sua sexualidade."
Depois de
Shame, fomos à Politécnica, sala dos Artistas Unidos, ver o "Rapaz da última fila" (texto de Juan Mayorga). Com uma excelente encenação e muito boas interpretações, "
É uma peça sobre a escola e a família, onde se encontram duas personagens, duas aves raras. Uma é um professor de literatura, de liceu, Germano, que terá uns 50 anos. Escolheu esta profissão porque pensava que lhe ia permitir viver em contacto com os grandes livros, e transmitir o seu amor por eles. O que acontece é que, no final da sua carreira, é um homem que não foi capaz de entregar a sua experiência, é um homem sem herdeiros. Um dia, ao tentar explicar a noção de ponto de vista pede-lhes que escrevam sobre o que fizeram no último fim-de-semana. E entre redacções horríveis descobre uma, inesperada pelo seu conteúdo e forma, que é a da outra personagem especial, o rapaz da última fila. Ninguém escolhe a última fila em vão. Nem sempre um rapaz a escolhe por ser o malandro, a última fila é aquela de onde se vê todos os outros sem se ser visto - é a fila do escritor, do artista."![]()