faço greve em defesa dos "não competitivos"
Alguém disse, e concordo, que a democracia e a revolução foram substituídas pela competitividade e pela mobilidade. A análise desta afirmação é muito interessante.
Vivo num país em regime de falência, em que as PPP´s e por aí fora se mantêm incólumes apesar de terem delapidado financeiramente o país e porque quem Governa considera que os funcionários públicos devem pagar a fatia maior com excepção dos que podem fugir para o sector privado - os competitivos da CGD, da TAP e de sei lá mais o quê.
Não sei identificar com rigor se estamos perante uma luta de classes. Há muitos que o afirmam de forma bem sustentada. Sei que existe uma minoria que parece enriquecer como nunca. Dizem-nos que são gananciosos. Por outro lado, os portugueses, enquanto empobrecem a uma velocidade impensada, têm sido considerados anestesiados e muito compreensivos por parte da opinião publicada. O que lhes resta, afinal? Como podem lutar e manifestar a sua indignação? Se se manifestam é porque é mais do mesmo, se fazem greves de um dia é porque são insuficientes, se fazem greves de mais dias é porque são irresponsáveis, se são bloggers são elitistas e podia estar aqui a noite toda a elencar as verdadeiras anestesias.
Há quem diga que a Europa mergulhará numa explosão social. Tenho ideia que poucos o desejam e incluo-me nos que preferem a democracia, a liberdade e o progresso e quando faço greve não hipoteco o meu registo a quem a convoca.
Fiz imensas greves e raramente anunciei a decisão antecipadamente. Hoje quebrei o compromisso democrático.