concursos de professores numa democracia em crise
O acordo assinado entre o Governo e alguns sindicatos de professores - tem aqui a versão integral via blog DeAr Lindo - é um bom retrato da crise profunda da nossa democracia.
Fico com a ideia que os aspectos elementares em relação à situação dos professores integrados na carreira são "compensados" com detalhes muito negativos para os professores contratados, como o comentador Aires denuncia aqui. Acrescento, por exemplo, a continuidade dos efeitos da farsa da avaliação do desempenho.
Não considero que a profissionalidade de um professor se possa estabelecer pelo posicionamento na carreira ou pela graduação profissional - por isso, derrubámos os professores titulares em defesa de uma carreira horizontal -. Mas têm de existir regras claras, mais ainda num país com a democracia em estado de sítio. A forma como este diploma trata os professores com ausência da componente lectiva (horários zero) é elementar, mas deve ser sublinhada. Quando existirem horários zero (a situação piora, pois passa das 3 para as 6 horas lectivas mínimas) num grupo disciplinar, quem não for voluntário para concorrer só tem de o fazer se a ordenação por graduação profissional o exigir.
Lamento que se tenha a necessidade de legislar nesse sentido. Por informações que me chegam, havia professores com cargos de direcção que tentavam afirmar uma liderança com a "ameaça" da atribuição do horário zero aos seus pares e recebiam por parte de muitos colegas uma veneração recheada de temor e de-mecanismos-de-atropelo-ao-próximo. Parece uma inverdade e quase que temos de nos beliscar. Temos, também entre os professores e muito naturalmente, a doença do caciquismo bem enraizada.