modelos e pessoas
Há asserções que se tornam clássicas e sou partidário de duas delas: "há pessoas que lideram em qualquer modelo" (e o contrário também é verdadeiro) e ”a democracia é o pior sistema de governo existente, excluídos todos os demais” (frase de Winston Churchill).
Nos últimos dias a agenda mediática da Educação voltou a pegar no modelo de gestão escolar por causa da avaliação dos directores e a fragilidade da democracia evidenciou-se na abertura à ditadura na Hungria.
A relação dos factos é óbvia e deve pôr muita gente a pensar nas duas asserções referidas. Um sistema ou país não se pode sujeitar ao fenómeno da "geração espontânea" no que se refere à escolha das lideranças. Os modelos têm de prevenir as autocracias e os absolutismos tão ao jeito das incompetências e dos oportunismos. Por isso é que o primeiro passo da afirmação das democracias é o sufrágio directo e universal aplicado a todas circunstâncias possíveis e com cadernos eleitorais com o máximo de espectro. Eliminar o voto e substituí-lo por nomeações ou votos restritos são tiques que abrem portas a totalitarismos.
Nos modelos de gestão escolar, esses tiques evidenciam-se também nos que defendem o exercício por nomeação dos cargos intermédios (da sua confiança) do que a eleição pelos pares. O medo do confronto, da democracia, portanto, é o ideário. São todos estes tiques somados que levam à naturalidade com que os conservadores húngaros, e quiçá, um dia, os seus congéneres lusitanos, propõem passos ditatoriais com a contemplação de uma maioria silenciosa que só se apercebe do mal em vigor quando o sente na pele.