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É estranho ouvir dizer que se desconhece o que é o neoliberalismo e depois escutar os mesmos a teorizar sobre a avaliação de pessoas. Se não desconhecem a história, então são um caso que se deve considerar.
Francamente: dizer que a avaliação das pessoas tem de ser uma exigência diária que institua a meritocracia, é uma linguagem bem-pensante e sedutora que se pode transformar em totalitária; como é exemplo o caso France Telecom. A avaliação do desempenho profissional tem de ser discutida no âmbito da sua aplicabilidade. Para percebermos o que querem os ultraliberais, temos de os obrigar a determinarem com rigor a medição dos resultados da produção e a estabelecerem quem-avalia-quem. Como alguém disse, nem um calceteiro pode ser avaliado de um modo puramente quantitativo e meritocrático.
Quando essa espécie de políticos se escondem na negação do neoliberalismo, trazem à memória os outrora novos liberais que diziam que Keynes, Stuart Mill ou Adam Smith tinham sido liberais da mesma colheita anglo-saxónica.
Espalham-se duplamente. Os tempos são outros e os pensamentos dos autores citados estão escritos e contextualizados.
As propostas que agora aparecem, evidenciam o serviço do neo no neoliberalismo e sustentam às claras o argumentário dos que apontam para um liberalismo contemporâneo que tem muito a ver com Milton Friedman e que está fora de Keynes, de Adam Smith ou de Stuart Mill.
É um liberalismo com neo que branqueia poderes privados não sufragados pelo voto e que estão acima de qualquer prestação de contas. Esses neoliberias só se importunam com o poder político, mesmo com o que tem legitimidade democrática.
É um liberalismo que "desconhece" a "cartelização de capitais" e que tem influência suficiente para nos penhorar a todos sem remissão. Pois é. É um liberalismo que justifica um prefixo ainda mais nocivo: ultra, por exemplo.
A "cartelização de capitais", que também negarão servir, repito, é a que nos exige um soldo para termos direito ao oxigénio e ao emprego.