mudanças na gestão escolar
O MEC e os sindicatos de professores, pela voz da FNE, aqui, estão a negociar com o objectivo de reduzir os poderes dos directores escolares. Um aspecto que sempre me surpreendeu, foi a defesa da gestão escolar mais eficaz com a não eleição dos cargos intermédios (coordenadores de departamento e delegados de grupo). A frase, "ouve os professores antes de nomear", indica o grau de inebriação.
É espantoso como alguém quer afirmar uma liderança sem se sentir competente e sem que os "liderados" o reconheçam como tal. É que só há lideranças quando a asserção referida se confirma e, nesse caso, pugna-se pelo princípio da democracia: os cargos legitimam-se pelo sufrágio directo e universal. A leitura da notícia permite perceber o que há muito se sabe: uma boa parte de quem faz gestão escolar apoiou as nefastas políticas de Lurdes Rodrigues.
"Um dos principais objectivos é reduzir o poder dos directores. "Pretendemos que os coordenadores de departamentos curriculares deixem de ser designados pelos directores e que os professores tenham uma palavra na escolha", disse ao CM João Dias da Silva, secretário-geral da FNE. O dirigente defende uma "redistribuição dos poderes da direcção, do conselho pedagógico e do conselho geral", considerando que existe uma "concentração excessiva de poderes nos directores".
Confrontado pelo CM, Adalmiro Fonseca, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, defende que o actual modelo de gestão "é equilibrado". "Não temos assim tanto poder, porque temos sobre nós o conselho geral como órgão fiscalizador. Muitos directores até já foram demitidos. Há coisas mais importantes, mas os sindicatos andam a brincar à educação", afirma, frisando que "90 por cento dos directores ouve os professores antes de nomear os coordenadores de departamento". João Dias da Silva pretende ainda "corrigir as regras dos concursos de oferta de escola para haver rigor e equidade", depois de uma série de casos denunciados que indiciam favorecimento.
Adalmiro Fonseca defende que "as escolas devem ter autonomia para definir critérios de recrutamento, mas dentro de parâmetros razoáveis, porque alguns são anedóticos".