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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

simbiose

30.10.11

 

 

Chegou-me um texto de reflexão política do partido socialista. Passados uns quantos parágrafos, a perplexidade apoderou-se do meu raciocínio: as empresas públicas devem plasmar o modelo de gestão em vigor nas escolas e atribuir aos clientes o controle das empresas em desfavor das corporações. Bem sei que não me devia surpreender, pois estamos na presença da mesma massa crítica que apoiou as políticas do anterior governo. A minha estupefacção deveu-se ao óbvio: aprenderam pouco com o passado recente.

 

Considerem-se as boas intenções e argumente-se. Se bem nos lembramos, associado ao tal modelo de gestão estavam implícitos dois princípios inabaláveis: prestação de contas (accountability) e formação especializada.

 

Os clientes - no caso da gestão escolar temos autarcas, encarregados de educação e representantes de instituições locais - não são avaliados pelo exercício, não prestam contas objectivas pelos resultados (mesmo que estes, e objectivamente, estejam em descida continuada) e não necessitam de formação especializada. Aceitam ou recusam os mandatos quando bem lhes apetece. Os encarregados de educação até podem transferir os educandos de escola ou ver a sua frequência concluída. Para além disso, não têm qualquer vínculo contratual com a instituição. No mundo conhecido, os clientes têm condições para o exercício em órgãos consultivos das organizações.

 

Se a ideia é instituir o poder popular, quase que se compreende. Neste caso, estaríamos na presença de serviços públicos no modelo simbiose (a quarta via do socialismo democrático?): uma mistura de PREC com o período que o antecedeu e que durou 48 anos. Imagine-se o que seria a Carris, o Metro ou a TAP administradas pelos clientes. Teria uma vantagem óbvia: a promoção das soluções em registo pedonal ou de velocipedia.

 

A confiança nos professores, cada vez mais decisiva, é determinada por acções. O que existe só sobrevive em regime de faz de conta. Um exercício mais regulado pelo espírito da coisa recolhe o exemplo desta vereadora do mesmo partido político.

 

Vereadora da Câmara de Almeirim invade salas de aula e ameaça crianças 

"A vereadora da educação da Câmara Municipal de Almeirim invadiu três salas de aula do novo centro escolar das Fazendas de Almeirim para acusar três crianças, com 5, 7 e 9 anos, de contarem mentiras em casa sobre a comida que lhes é servida na escola.(...)".

 

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