pudera
Não surpreendem os rankings que colocam as escolas privadas e cooperativas à frente das do estado. É o resultado de desastrosas políticas educativas que em vez de suprimirem as inutilidades fizeram-no às humanidades. Há algo que se aprendeu desde há muito: nas sociedades com graves problemas socias, a oferta diversificada na rede escolar acentua o desequilíbrio porque as famílias mais informadas conseguem auto-seleccionar os grupos de alunos e provocam fenómenos de guetização e de aumento do abandono escolar. As badaladas magnet schools são um bom exemplo disso. É um logro pensar-se que há bons resultados escolares sem alunos educados em sociedades com suficiente bem-estar económico, com ambição escolar e com confiança nos professores.
Há tempos escrevi assim:
"(...) Foi por volta da década de noventa do século passado que se percebeu que o orçamento da Educação era demasiado apetitoso para que a ganância, que se afirmou através do PSD e do PS (o CDS e outros ficaram com empregos e fatias menores), o deixasse sossegado; potenciais PPP´s (parcerias público-privado,) ainda sem dono.(...)
Ou seja: edificaram inconstitucionalmente junto às escolas do estado – tentaram derrotar-lhes a fama e cobiçar-lhes os melhores alunos – inflacionaram as notas, colocaram professores sem concurso e em regime de amiguismo, construíram os rankings e já só falta subtrair uma boa fatia aos orçamentos. Uns grandes profissionais, sem margem para dúvidas. Um golpe perfeito, digamos assim. O pessoal da escola pública é bem mais naif e resistente e o país está no estado que se conhece."