professores contratados (reedição)
16.10.08, Paulo Prudêncio
Já nem me interessa, pelo menos por agora, discutir os motivos da não aplicação de mais uma lei da república portuguesa: a que regulamenta a tão mediatizada avaliação do desempenho dos professores dos ensinos básico e secundário.
Nada do que ali está determinado está em aplicação: é uma "coisa", mais uma.
Conheço alguns dos detalhes de uma espécie de entendimento entre a plataforma sindical dos professores e o ministério da educação. Parece-me uma protelação do tipo: a luta segue dentro de momentos. Só pode ser, aliás.
Chocou-me, logo e de repente, a seguinte decisão: têm de ser avaliados, num modo ainda mais "reduzido" do que o que existia antes da publicação da citada lei da república, os 7 mil professores contratados para possibilitar a renovação dos seus vínculos: uma ideia sempre defendida por um dos secretários de estado, numa táctica com pressupostos algo perversos.
Infâmia. Conhece-se a situação de precariedade no emprego dos nosso jovens. Sabe-se, que nenhum dos professores contratados tem verdadeira voz activa nestas discussões. Sabe-se, que se cada um de nós, os 100 mil professores, os dirigentes sindicais e os governantes, iniciasse a carreira de professor, nos tempos que correm, teria direito a este precário estatuto contratual: mas esquecemo-nos desse pequeno pormenor. A solidariedade é uma palavra vã, sabemos isso.
Usa-se este grupo de "precários" para salvar a face de umas difíceis negociações. Que péssima lição de pedagogia e que falta de solidariedade entre gerações. É imperdoável. A prazo, pagar-se-ão estas desagregações da sociedade: quando não se dá o exemplo, é muito difícil pedir, depois, o resto.
Coloquem-se, por um minuto que seja, no lugar de um professor contratado: o único (se são só 7 mil e se as escolas são em maior número...), o singular, aquele que se sente menos vinculado à instituição onde exerce a sua actividade profissional, passa, depois de tanta contestação, a ser "o formalmente avaliado". Mas que aberração.
Se a lei não se pode cumprir - o que é manifesto -, que não se cumpra para todos. Não se pode aceitar outra espécie de argumentação: o que se fez é um jogo muito sujo e muito desprezível.
Nem consigo acreditar que existam entendimentos deste tipo. Que raio de tempo este.
Usa-se este grupo de "precários" para salvar a face de umas difíceis negociações. Que péssima lição de pedagogia e que falta de solidariedade entre gerações. É imperdoável. A prazo, pagar-se-ão estas desagregações da sociedade: quando não se dá o exemplo, é muito difícil pedir, depois, o resto.
Coloquem-se, por um minuto que seja, no lugar de um professor contratado: o único (se são só 7 mil e se as escolas são em maior número...), o singular, aquele que se sente menos vinculado à instituição onde exerce a sua actividade profissional, passa, depois de tanta contestação, a ser "o formalmente avaliado". Mas que aberração.
Se a lei não se pode cumprir - o que é manifesto -, que não se cumpra para todos. Não se pode aceitar outra espécie de argumentação: o que se fez é um jogo muito sujo e muito desprezível.
Nem consigo acreditar que existam entendimentos deste tipo. Que raio de tempo este.
(Reedição. 1ª edição em 18 de Abril de 2008)