editorial (11)
Aprecio a coerência não dogmática. Não renego o meu pensamento político, mas procuro libertar-me para pensar e escrever. Não me dispo do aconchego aos meus, nem da minha pele, como todos nós. Contudo, tomo posições que considero justas e que nem sempre me facilitam a vidinha. Os entendidos na nossa idiossincrasia dizem-nos que há muitas Madeiras para além da dita. Não discordo. Habito num parente próximo dessa família e sei com o que posso contar. Confesso que até me divirto o suficiente.
Até Junho de 2011, o nosso sistema escolar foi classificado, e muito bem, como um oceano de eduquês, de má burocracia e de inutilidades. Três meses depois, apenas a pequena fatia que se denominava de avaliação do desempenho, foi, naturalmente, vencida. Tratou-se de uma certificação anunciada três anos antes. E mesmo isso, como mais à frente se verificará, tem muito de controverso.
Deveria ser incompreensível que a mudança de tonalidade governativa obrigasse a mudanças acentuadas de posição. A eliminação argumentativa dos factores anteriormente denunciados é um silêncio que me escapa. Apenas isso: escapa-me e escapar-me-á; e ainda bem. E quando essa omissão se fundamenta nos fantasmas do costume, recordo-me da frase de Mia Couto: "Nem o avô barbudo deixou descendência".