Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

para o outro lado do muro

18.07.11, Paulo Prudêncio

 

(Texto reescrito; 1ª edição em 20 de Novembro de 2008)

 

O muro que separa os professores dos conteúdos de ensino é constituído, em Portugal, por um conjunto colossal de invenções burocráticas. O desmoronar da descomunalidade, que foi paulatinamente construída nos últimos vinte anos, exige uma coragem tal que temo não estar ao alcance de quem se movimenta nesta área da organização da sociedade. Estamos a falar de um obstáculo tentacular que movimenta milhões de euros.

 

É esse o desafio que está colocado.

 

No que ao estafado modelo de avaliação se refere, o primeiro passo obriga o reconhecimento de um outro "perfil funcional" do professor (detesto um bocado escrever esta coisa, mas é para tentar outro tipo de entendimento): reduzir o modelo a uma só dimensão: a do ensino e aprendizagem. Tem de ser outro modelo com essa definição assegurada.

 

Mas isso não chega.

 

É despropositado avaliar os 140 mil professores no mesmo ano e em todos os anos. Deve realizar-se uma avaliação no ano de mudança de escalão, que pode ser realizada por um par eleito para o efeito pelos professores do respectivo departamento ou por um elemento externo. O professor avaliado tem de ser ouvido nessa opção. Deve ser reconhecido um mecanismo de apoio e de reconversão que enquadre o exercício dos professores que obtenham uma avaliação insuficiente.

 

A progressão nos três escalões mais elevados da carreira, e de acordo com o que tenho lido, é que coloca algumas questões que devem merecer uma aturada discussão.

 

Há quem defenda a existência de uma prova pública de acesso a esses escalões. A maioria dos professores não terá problemas em fazê-la, desde que a sua regulamentação se inscreva nos aspectos relacionados com o ensino. É necessário que isso seja consequente. Ou seja, não se pode ficar aprovado numa prova pública e depois estar o resto da vida à espera de uma vaga que nunca existirá. Todavia, tenho sérias dúvidas que essa prova se justifique.

 

E qual é o argumentário de que defende essa prova? A questão financeira e o corte nas despesas. Com a implosão do sistema financeiro global, tudo isso fica em causa até porque o despesismo estava mais noutro lado, como se suspeitava.

1 comentário

Comentar post