no meio de nós
Os nossos ês já não cabem nos dedos de uma mão. Ao eduquês associaram-se o economês, o justicês e por aí fora. É uma praga de linguagem bem pensante e sedutora que inferniza a sociedade.
O bullshit também se instalou nos nossos comentadores como se vê sempre que o assunto é a avaliação de professores. Mesmo que nada saibam sobre o que acontece nas escolas, debitam uma série de generalidades porque o silêncio foi eliminado das inteligências.
Em muitas das nossas escolas acontece mais ou menos o mesmo sobre a avaliação do desempenho. O rol de mesquinhez e de incompetência, ao jeito do legislês, preenche demasiadas cabeças que não podem ficar em roda livre. É triste, mas é assim. O ês minou-lhes o raciocínio e não há simplex que lhes valha. A má burocracia é o seu metabolismo de sobrevivência.
Não adianta remeter para a ilusão, para a precipitação ou para o radicalismo. O actual governo, pela voz do primeiro-ministro, prometeu suspender aquela coisa revoltante e kafkiana. Não há argumento que justifique a falta de palavra num assunto tão sério. Basta ler os relatos dos últimos dias. Não compreender a indignação que se instalou nos professores é desconhecer dois significados: de dignidade e de seriedade.