Estava a ler alguns textos sobre Educação. Deparei com um pedaço que pode ser útil, tendo em consideração a actualidade. Escrevi-o no ano de 2006, salvo erro (isto de citar-me não é um bom sinal, mas enfim).
"Lembro-me de uma situação que elucida bem o que quero dizer: estávamos em pleno 2002, no final de um período escolar, e tínhamos o nosso sistema de obtenção e fornecimento da informação, em tempo real, bem optimizado e a proporcionar um bem-estar organizativo sem paralelo; nestas alturas, e entre classificações, faltas, actas e relatórios, são lançados mais de 100 mil dados num processo final que decorre em cerca de três dias; a meio do segundo dia recebemos um fax, com o sinal de urgente, e assinado por um governante, que determinava: "todas as pautas de classificações e faltas, devem obedecer ao modelo x da imprensa nacional e preenchidas em duplicado" (a dita imprensa nacional - em plena era da informação e do conhecimento, pasme-se - tinha sido objecto de um avultado investimento para a produção de impressos normalizados e poucos os adquiriam - pode parecer um história do outro mundo, mas não é -).
Está a imaginar meu caro leitor? Tudo informatizado, exportações para o sítio da internet garantidas, reuniões com os dados todos digitalizados (sem um único papel ou assinatura) e assalta-nos este dilema. Tinham sido meses de antecipação, de organização, de muito trabalho e de várias testagens por amostra. A circular foi imediatamente para o triturador e não cumprimos a determinação: até tivemos vergonha de afixar aquela coisa para conhecimento dos membros da nossa comunidade, a sério: sentido de estado".