estranho conceito de escola
"O actual modelo de gestão das escolas diminuiu o peso dos professores da escola nos órgãos de gestão dessa escola. Esclareço a aparente redundância trazida pela insistência no vocábulo "escola" na construção da frase. É que a lei torna possível que um professor de qualquer escola, mesmo que seja privada, concorra a director de qualquer outra, pública, mediante "um projecto de intervenção na escola". Que estranho conceito daqui emana! Como pode alguém que não viveu numa escola, que não se envolveu com os colegas e com os alunos dessa escola, que não sofreu os seus problemas nem respirou o seu clima, conceber "um projecto de intervenção na escola"? Foi a filosofia da ASAE transposta pelas escolas.(...)"
Este parágrafo que acabou de ler é da autoria de Santana Castilho (2011:63) e pode lê-lo no "O ensino passado a limpo". A ideia é determinante para quem queira perceber outra variável fundamental que desgraça as nossas escolas: ausência de autoridade democrática e de liderança.
Tenho ideia que foram poucos os atrevidos que se prestaram, e foram eleitos, a ocuparem lugares de directores em escolas em que não eram professores. Os casos que conheço acabaram em tragédia, naturalmente. São exemplos do que não deve ser feito. Dizem-me que chega a ser caricato ler os projectos de intervenção, que nem se percebe como foram eleitos e que só mesmo os fenómenos que nos empurraram para a bancarrota explicam essas situações meio esquisitas.