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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

à volta da prova (2)

30.11.13

 

 

 

 

 

O histórico denominador comum do estado a que chegou a formação de professores do ensino não superior (os PENS) é conhecido: o desprezo das instituições do ensino superior (as IES), e do MEC, por essas carreiras. É injusto generalizar, mas é importante sublinhar que essa falta de estima foi sempre proporcional ao grau de ensino, com o primeiro ciclo e o pré-escolar em lugares de destaque.

 

Os erros históricos foram sempre denunciados.

 

Um colega e amigo, o Luís S., nasceu em Chaves e licenciou-se em História (1983, salvo erro) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi um activista da associação de estudantes e tentou que a licenciatura integrasse a profissionalização em ensino para concorrer para os quadros de uma escola de Chaves onde queria viver. Esforço inglório. O conselho científico da faculdade e o MEC foram passando a bola desresponsabilizadora e nada aconteceu. O primeiro argumentava que a sua vocação era a investigação e o segundo que não tinha competências para o impor às universidades.

 

O Luís S. concorria todos os anos à profissionalização (já com escassíssimas vagas) e viu poucos anos depois um ex-aluno seu do secundário entrar no quadro, sem culpa nenhuma, obviamente, à sua frente porque se licenciou com estágio na Universidade do Minho.

 

O Luís S., um professor já em mobilidade especial, manteve-se activista e consegui, uma década depois, um lugar de efectivo provisório, no Alentejo, que exigia a aprovação, em regime de telescola, pasme-se, numas seis cadeiras, algumas tão desmioladas como o exemplo de prova de acesso que pulula por aí, na Universidade Aberta (imagine-se um licenciado em História a ter a múltipla escolha para a distância das torneiras a sei lá o quê num laboratório de ciências experimentais ou a questões dos direitos das mulheres recheadas de preconceitos para a resposta certa).

 

Já com nomeação definitiva, viu-se ultrapassado por mais umas centenas de professores com estágio integrado porque o MEC decidiu que o tempo de serviço como professor provisório seria reduzido de um valor por ano na graduação profissional para meio valor (situação que continua a provocar injustiças a esses professores). Essa decisão visou beneficiar as pessoas formadas pelas inúmeras instituições (a ganância explica boa parte dos "cogumelos") que nasceram para formar professores e que integraram a profissionalização na formação inicial. Se o meu amigo tivesse nascido uma década depois, arriscava-se, mesmo com a profissionalização em ensino integrada na licenciatura, a ser contratado durante vinte anos consecutivos e teria agora que fazer a tal prova de acesso à carreira. Valha-nos não sei o quê. 

 

Não. Não se estranhe o silêncio ou a berraria apressada das IES (e repito: é injusto generalizar) nem a terraplenagem em forma de berço do actual MEC. Essa gente sabe muito pouco do país real e do seu interior. A culpa é dos PENS.

 

No próximo post sobre o assunto detalharei algum histórico sobre a formação de professores para o pré-escolar e para os 1º e 2º ciclos. É até neste último que o Luís S. é efectivo e continua a sofrer os atropelos referidos. Mas se fosse no 3º ciclo ou no secundário as injustiças eram quase iguais.

 

E, como referi noutro dia, o MEC lá vai conseguindo que se tergiverse e que não se discuta o essencial.

 

 

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