o regresso do político
"O truque é não nos enganarmos a nós próprios
acerca de certas coisas: pequenas ilhas rochosas no mar
das próprias desilusões. Agarrá-las e não se afogar
é o máximo que um ser humano pode alcançar".
Elias Canetti
Uma conversa com um amigo levou-me, de novo, a Chantal Mouffe. Esta licenciada em Filosofia Política é autora de diversos artigos e ensaios no domínio do pensamento político. Estudei com detalhe, na segunda metade da década de noventa, a sua excelente obra "O Regresso do Político": um tema sempre actual.
É uma obra cujo tema central "(...) que confere unidade ao livro, é uma reflexão sobre o político e sobre o carácter inerradicável do poder e do antagonismo(...) para uma crítica do actual discurso racionalista e individualista liberal, bem como para uma reformulação do projecto da esquerda em termos de "democracia radical e plural".
Na contra-capa do livro pode ler-se:
- "O mundo contemporâneo é diariamente assolado por conflitos étnicos, religiosos e nacionalistas, e a política democrática ocidental está a passar por uma crise de eficácia e de legitimidade. Chantal Mouffe pretende demonstrar que a teoria da democracia liberal tem sido incapaz de compreender estas questões em virtude da sua desadequada e essencialista concepção da política.
- O universalismo, o racionalismo e o individualismo da teoria liberal têm-na cegado à especificidade da política, nomeadamente ao papel do antagonismo e do poder na vida social. A autora está preocupada com o facto de as duras conquistas de revolução democrática poderem ser prejudicadas por uma compreensão deficiente das origens da identidade política. Propondo uma reformulação completa das categorias centrais da teoria política - como a cidadania, a comunidade e o pluralismo -, O Regresso do Político ajuda-nos a perceber o desfasamento que existe entre a teoria democrática e os acontecimentos turbulentos do nosso tempo".